Cicop, o Big Brother da Energisa, vai ganhar reforço
Centro de Inteligência de Combate às Perdas investe em tecnologia de ponta para coibir o furto de energia e levar ganhos para clientes
Uma distribuidora de energia deve estar permanentemente atenta às fraudes. Isso garante aos consumidores a qualidade no abastecimento e uma pressão menor sobre as tarifas. Além disso, ao monitorar pontos de ineficiência, a empresa atende a uma série de exigências feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, e permite que haja recursos para investir em melhorias na rede.
Na Energisa, o assunto é levado a sério. O grupo conta com dois quartéis-generais que funcionam como uma espécie de Big Brother do consumo de energia. Graças ao desenvolvimento constante em novas tecnologias, o Centro de Inteligência no Combate às Perdas (Cicop) integra dados de diferentes áreas da companhia e consegue ter indicações dos locais de onde partem as fraudes no consumo.
“Isso vai permitir construir os perfis de consumidores e comparar, por meio de simulações, com os que já foram inspecionados. Com o tempo, o algoritmo será cada vez mais preciso”, explica o gerente.
Olho nas perdas
As perdas representam um constante ponto de atenção para a distribuidora. Em março, elas chegaram a 14,21% (junho/21 fechou em 13,76%) em Mato Grosso e a 26,50% (junho/21 fechou em 24,98%) em Rondônia. A Energisa assumiu essa operação em Rondônia, antes estatal, há dois anos e meio, o que em boa medida explica o fato de ser a distribuidora número 1 em perdas com fraudes entre as 11 sob a gestão da companhia. Desde 2019, Rondônia conta com uma célula do Cicop (ligada à unidade da EMS), que também monitora as ações no Acre. O objetivo da descentralização é conhecer de perto os desafios, o perfil dos fraudadores e os tipos de fraudes, assegurando um direcionamento mais assertivo e rápido das ações de combate às perdas, a fim de assegurar o alcance da meta que é reduzir em 3,3% as perdas em Rondônia em 2021.
Em 10 de abril, a polícia civil prendeu em Porto Velho um homem quando estaria adulterando o medidor de energia de um apartamento. Fazer “gato” é crime. Em casos como o da capital, a equipe da Energisa pode substituir a caixa de medição por um modelo blindado, fechado com um travamento especial. Além disso, segundo Manoel Messias, existe um esforço da equipe para a regularização de instalações clandestinas. “As ligações clandestinas e os ‘gatos’ prejudicam o sistema elétrico, podendo causar a queda de tensão e acidentes fatais.”
Abrangência
O Cicop foi criado em 2008, em João Pessoa-PB, e após a aquisição das empresas do antigo Grupo Rede, passou a contar com uma segunda unidade, em Campo Grande-MS. Hoje, o monitoramento das distribuidoras da Energisa está dividido entre os dois núcleos, como explica o gerente.
Todo o trabalho do Cicop começa com o planejamento estratégico anual, com projeção para os três anos seguintes, para todas as distribuidoras do grupo, que permite apontar as ações necessária para uma trajetória de perda economicamente viável e abaixo do limite estabelecido pela Aneel.
No planejamento estratégico a equipe do Cicop identifica, por exemplo, a quantidade de inspeções presenciais e o tamanho das equipes que devem atuar no trabalho de campo. Cabe ainda ao centro definir a quantidade e quais as medidas de blindagem devem ser aplicadas na regularização dos clientes que fazem os conhecidos “gatos” nas instalações de energia. As medidas de blindagem tem como objetivo evitar a reincidência.
Análise de dados
Chegar aos possíveis fraudadores e acabar com os “gatos” só é possível graças à análise da base de dados da Energisa dos sistemas comerciais e técnicos da companhia. Com informações como nome, endereço, tipo de consumidor (residencial ou comercial), qual alimentador atende as unidades, é possível mensurar o nível de perda daquele segmento.
O uso de algoritmos permite o cruzamento de dados e o resultado vai apontar onde está ocorrendo algum tipo de anormalidade no consumo de energia. A partir daí, será gerada uma lista de inspeção para orientar as equipes de campo. “Hoje, essa taxa de assertividade é em torno de 38% e Rondônia está entre as melhores do grupo”, diz o gerente da companhia.
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