Projeto Sons do Jalapão revitaliza herança cultural no Tocantins
Associação Viva Música e Energisa promovem o ensino da rabeca e da violinha de buriti para uma nova geração de artistas
No extremo leste do Tocantins, na exuberante região do Jalapão, o pequeno município de Mateiros vem sendo palco de um projeto musical transformador promovido pela Associação Viva Música, com o patrocínio da Energisa. O Sons do Jalapão busca revitalizar e preservar a rica tradição musical da região, especialmente o uso de instrumentos típicos como a rabeca e a violinha de buriti.
O Jalapão é conhecido por sua paisagem exuberante, com dunas douradas de até 30 metros de altura, rios de águas cristalinas, chapadas e formações rochosas de múltiplas cores. Por vezes apelidado de “deserto das águas”, o Jalapão é dotado de um bioma peculiar, entre o cerrado e a caatinga, e abriga espécies vegetais como o capim-dourado e a palmeira de buriti.
Nas mãos dos artesãos de Mateiros, o capim-dourado se transforma em chapéus, cesta e bijuterias; a palmeira de buriti, por usa vez, se transforma em violinhas e rabecas, instrumentos musicais sempre presentes nos festejos e celebrações culturais do Tocantins.
No entanto, essa rica tradição musical enfrenta o risco de se perder. O tempo já levou muitos dos mestres que outrora fabricavam e tocavam esses instrumentos. É aí que o projeto Sons do Jalapão entra em cena. O projeto busca não apenas preservar as técnicas de construção artesanal e afinação dos instrumentos, mas também reintroduzir esses sons e ritmos às novas gerações.
Esses instrumentos tradicionais se espalharam pelo país, mas são aqui do Tocantins. O que é triste é ver que quase não há mais tocadores de viola e rabeca por aqui. Queremos que essa tradição tenha continuidade” conta o maestro Bruno Barreto.
Bruno é um dos fundadores e atual diretor da associação Viva Música. Criada em 2014 como uma orquestra de cordas, a associação vem reinventando e criando espaços para a música no Tocantins. No projeto Sons do Jalapão, 40 alunos estão aprendendo a tocar violas de buriti, rabecas e vários instrumentos de percussão, como uma forma de transmitir a sabedoria tradicional para as novas gerações.
A violinha de buriti, inventada nos anos 1940 no próprio Jalapão, é dotada de um som suave e encorpado, porém delicado. O instrumento é esculpido artesanalmente no miolo da madeira do buriti, sem tampo nem fundo. Já a rabeca é instrumento que se assemelha a um pequeno violino e remonta aos tempos coloniais. Trazida pelos portugueses, ela foi gradualmente sendo adaptada pelas populações locais, incluindo comunidades indígenas, quilombolas e sertanejas, que passaram a utilizar o buriti para a sua construção.
Hoje, esses instrumentos fazem parte da identidade cultural tocantinense e por isso é tão importante a preservação da sabedoria acerca deles, tanto da sua construção artesanal quanto da forma única de afiná-los e tocá-los. As memórias dos músicos e do Tocantins ecoam através dos sons do buriti.
As aulas, que começaram em agosto, são realizadas nas escolas locais, envolvendo crianças e adolescentes na prática musical. Ao final do período letivo, haverá uma apresentação didática na comunidade quilombola Mumbuca, marcando o encerramento deste primeiro ciclo. O projeto também inclui minicursos para a população local e turistas, que ocorrerão durante a Festa da Colheita, um importante evento regional em setembro.
O Sons do Jalapão é o quarto projeto da Associação Viva Música. Antes dele, o Cantos e Recantos do Tocantins, também patrocinado pela Energisa, levou concertos de orquestra, com um repertório variado, para várias cidades do interior do estado. O maestro Bruno Barreto destaca a importância da parceria com a Energisa:
Esses projetos unem pensamentos nossos e da Energisa, valorizando a cultura regional e os profissionais da música aqui do Tocantins. Nosso encontro com a Energisa foi transformador, não só pelo apoio financeiro, mas também pelas portas que ela nos abriu. Nós não tínhamos nenhuma experiência em projetos de lei de incentivo e a Energisa, com muita paciência e profissionalismo, nos guiou por esse caminho. Agradecemos muito à Energisa por tudo isso e espero que essa parceria continue”, finalizou Bruno Barreto.
O projeto está inserido no portifólio do Programa Energisa Cultural. Com um perfil de multilinguagens, abrangendo música, literatura, audiovisual, artes visuais, artes cênicas, cultura popular e festivais, entre outros, e com o compromisso de nos aproximar da sociedade, por meio de ações culturais e da manifestação dos valores regionais nos territórios de nossa atuação, o Energisa Cultural em 2023 impactou mais de 280 mil pessoas na área de atuação da empresa.
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