Ilumina Pantanal: programa leva energia a pequenas comunidades
O Pantanal, maior área alagada do mundo, abriga uma população estimada em 3 milhões de pessoas. A região abrange parte do Mato Grosso e, principalmente, o Mato Grosso do Sul. Levar energia a todas essas pessoas é um desafio que a Energisa busca superar com tecnologia e inovação.
No início deste ano, a distribuidora aderiu ao Programa Ilumina Pantanal, idealizado pelo governo federal, que busca eletrificar, com energia limpa, comunidades isoladas pantaneiras. Serão investidos R$ 134 milhões no projeto, todo baseado em energia solar.
Assista aqui o vídeo sobre o programa que une Energisa e Governo:
Serão beneficiadas 2.167 unidades consumidoras, que atendem cerca de 5 mil habitantes. A área eletrificada corresponde a mais de 90 mil Km² nos municípios de Corumbá, Aquidauana, Coxim, Ladário, Porto Murtinho, Rio Verde e Miranda, todos no Mato Grosso do Sul.
Das residências beneficiadas, apenas 101 receberão energia via rede de distribuição tradicional. As outras 2.066 serão atendidas por sistemas de geração solar. Segundo o secretário de Energia Elétrica, do Ministério de Minas e Energia, Rodrigo Limp, é um projeto inovador que considera as características geográficas e ambientais da região do Pantanal.
“Por isso, o projeto será realizado a partir de sistemas de geração solar individuais com sistema de baterias, operando off-grid, ou seja, sem conexão com as redes de distribuição”, afirmou Limp.
Investimentos dobram em Mato Grosso do Sul
O grupo Energisa atua no Mato Grosso do Sul há 7 anos. A distribuidora atende mais de 1 milhão de unidades consumidoras, em 74 municípios e já investiu mais de R$ 1,8 bilhão em obras de infraestrutura.Destaca-se a construção de aproximadamente 100 quilômetros de linhas e cinco novas subestações, obras de ampliação e modernização das subestações existentes, aumentando em 20% a potência disponível para atendimento, além da renovação e modernização de toda a frota de veículos e melhoria nas agências de atendimento.
Este ano, a Energisa prevê investir cerca de R$ 440 milhões no estado. O valor é superior ao dobro dos investimentos realizados no ano passado. A maior parte dos recursos será empregada na melhoria da rede de distribuição, com foco na universalização do serviço.
Em junho de 2021, a equipe de inspeção da Energisa responsável pelas regiões Sul e Sudeste do país fazia uma verificação de rotina em sua rede elétrica quando detectou algo estranho. Captadas por um drone, as imagens mostravam um cabo em uma zona rural no município de Extrema, no sul de Minas Gerais, com alto risco de rompimento danificado pela ação de um raio. Ainda operante, era questão de (pouco) tempo para que ele rompesse por completo, deixando todo o sul de Minas no escuro.
Com um terreno muito acidentado e permeado por zonas rurais de difícil acesso, a área é um desafio em casos de emergências, e a descoberta preventiva do problema só foi possível por conta da inspeção aérea da região. Não fosse o drone, o cabo danificado teria se rompido, causando uma alta de energia de longa duração para milhares de pessoas.
– Essa é uma região com muitas indústrias de grande porte, o estrago seria enorme – avalia André Alves Rocha dos Santos, coordenador de manutenção em subestações e linhas de transmissão da Energisa. – O drone foi fundamental para a gente identificar com exatidão um futuro problema que poderia trazer grandes consequências. Problema que eu não sei como iríamos resolver e nem em quanto tempo.
A adoção de drones e helicópteros durante as inspeções rotineiras e emergenciais da Energisa melhorou radicalmente a eficiência e rapidez das ações em campo. De acordo com André, as checagens aéreas demoram cerca de uma semana para serem realizadas; por terra, o tempo antes era de 3 a 4 meses de operações.
– O DNA da Energisa sempre foi o de inovar através dos melhores recursos tecnológicos, entre equipamentos e ferramentas, para facilitar o dia-a-dia do nosso trabalho – ressalta Victor Rispoli, gerente de Operações da Energisa MG, pioneira no uso de drones e referência em sua utilização. – A topografia de Minas é muito acidentada, por isso os drones auxiliam em muitos aspectos, como a segurança, a agilidade, eficiência e a sustentabilidade.
Detalhes da operação de drones
Em março deste ano, uma equipe de técnicos da Energisa em Minas Gerais utilizou a tecnologia dos drones para lançamento de cabos em uma obra na rede elétrica de São João Nepomuceno. Com isso, foi possível preservar aproximadamente 3 mil metros quadrados de vegetação nativa, evitando a abertura de faixa de servidão na mata para a chegada dos profissionais.
A obra foi feita em uma área rural com distância entre um poste e outro de aproximadamente 350 metros. O serviço foi concluído em 20 minutos, sendo que da forma tradicional demoraria no mínimo 3 horas, sem contar o tempo para abrir o acesso à equipe terrestre.
O lançamento de cabos-guias, feitos de nylon, é uma das etapas do processo de construção de novas linhas de transmissão e o uso de drones vem para otimizar. Além de práticos, os equipamentos evitam que os cabos enrosquem na vegetação e dispensam a necessidade do corte de árvores, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a segurança dos trabalhadores.
Amilton José de Souza Correa realizando inspeção com drone na sede da Energisa MG
Esse ano, a Energisa MG ainda vai adquirir cinco novos drones, o que representa um investimento de R$ 120 mil. A tecnologia tem aumentado a produtividade e reduzido o tempo de realização dos serviços em 60% nas áreas rurais.
– Dois protótipos que estamos estudando são drones com uma lanterna acoplada, para emergências noturnas, e outro à prova d'água, para situações com chuvas – conta Victor.
Além de ajudarem nas inspeções de locais de difícil acesso, com travessias de rios ou pontes em estado precário, outra vantagem dos drones é a qualidade das fotos, onde é possível identificar defeitos que numa inspeção tradicional não seria possível, além de evitar também escaladas em torres ou postes de transmissão.
Carlos Alexandre de Oliveira, gerente de Operações da Energisa em Rondônia, conta que, certa vez, houve uma falta de energia no circuito principal que atende o município de Cacaulândia. Porém, o local era de difícil acesso devido à vegetação, e a viatura dos eletricistas não conseguiam passar para fazer a inspeção e identificar o defeito.
– Usamos o drone para inspecionar a rede e o defeito foi encontrado rapidamente. O drone no setor elétrico tem ajudado também na análise de cenário, no planejamento das atividades e, sobretudo, diminuindo o tempo de atendimento.
Confira mais detalhes do trabalho de Carlos com os drones em Rondônia no vídeo abaixo:
A confiança é a base do nosso serviço. Os leituristas da Energisa são identificados por crachás e chegam uniformizados a cada 27 ou 33 dias. A leitura pode ser acompanhada por qualquer cliente. Se o seu relógio não for digital e o ponteiro estiver entre dois números, o leiturista anota o menor número. Em algumas residências, é preciso abrir a porta para se ter acesso ao medidor.
Se não for possível realizar a leitura, por falta de acesso ao medidor ou por defeito do aparelho, a conta do mês será calculada de acordo com média no consumo dos últimos doze meses. Esse é o chamado faturamento por média, que só pode ser feito por três meses consecutivos. No quarto mês, se o problema não estiver resolvido, a Energisa é obrigada a adotar o chamado faturamento pelo mínimo, em que é cobrado apenas uma taxa referente ao consumo mínimo determinado pela Aneel. Esse tipo de cobrança persiste até que a leitura possa ser realizada novamente.
Sonho sonhado há muito tempo, quando se realiza, parece mentira. Tem que se beliscar toda hora para ver se é verdade. É o que está acontecendo com a dona de casa Maria Ivone Cunha há alguns meses. No lugar do beliscão na própria pele, o interruptor na parede. Durante o dia, ela liga e desliga o mágico botão da sala de casa para comprovar a si mesma que sim, a luz daquele sonho acende sempre que ela duvidar.
Maria Ivone é moradora da Vila Restauração, comunidade ribeirinha localizada na Reserva Extrativista do Alto Juruá, encravada no coração da Floresta Amazônica, no Acre. O município mais perto, Marechal Thaumaturgo, fica a 70 quilômetros. Para chegar até lá, são necessários pelo menos três dias de viagem e três meios de transporte: avião, carro e balsa.
Até o final de 2021, o posto médico, o armazém, a igreja, a escola, a casa de Maria Ivone e outras 169 residências permaneciam a maior parte do tempo no escuro. Energia elétrica, quando havia, era por no máximo três horas por dia aos custos de geradores – que teimavam em quebrar. Não brincava-se, lia-se, cozinhava-se ou assistia-se à televisão à noite na Vila Restauração. A maioria das 750 bocas sem nunca ter experimentado o luxo de um copo d’água gelado.
O cotidiano da Vila mudou radicalmente quando, em outubro do ano passado, a Energisa implementou e inaugurou uma usina fotovoltaica com 600 painéis solares e baterias, garantindo o fornecimento de energia elétrica 24 horas por dia aos moradores.
Tem hora que eu até duvido… Eu não acredito que isso está acontecendo! É uma alegria muito grande. Um sonho realizado.”
O depoimento de Maria Ivone (e de outros tantos moradores) está presente no curta documental sobre o projeto da Vila Restauração, lançado hoje pelo Grupo Energisa e disponível no link https://youtu.be/3m5ffJHcP5A. Nas imagens, uma criança que comemora a brincadeira agora iluminada, um comerciante feliz ao armazenar a carne no freezer, uma mulher planejando a carreira de microempreendedora, uma enfermeira aliviada em poder estocar vacinas com segurança. Com direção de Jack Motta, o filme é o registro palpável de um sonho materializado – e do incrível impacto que ele provoca na vida de uma comunidade.
A emoção que senti ao filmar esse projeto foi enorme. A luz ali não representa apenas a eletricidade que chegou nas casas das pessoas, mas na vida delas. Luz no sentido espiritual. Vidas foram iluminadas, em todos os sentidos", reflete a diretora.
Para realizar o documentário, Jack contou com uma equipe reduzida de apenas quatro pessoas: um operador de câmera e diretor de fotografia, um produtor, um técnico de som e ela. Na bagagem, todos os equipamentos em dobro. A logística de acesso era tão complicada que não podiam correr o risco de algum deles quebrar.
O que me chamou a atenção logo de cara foi a paz e a limpeza, organização do lugar, e a distância. Como é longe!", conta Jack.
Durante o processo de filmagem, que durou três anos, a equipe, baseada no Rio de Janeiro, foi quatro vezes à Vila Restauração. Todas as viagens com cerca do mesmo tempo de duração: três dias para chegar, oito dias na Vila e mais três dias para voltar. A primeira vez, em 2019, quando o projeto ainda era uma fagulha nas mentes dos técnicos e gestores da empresa, e a comunidade vivia às escuras, Jack e a equipe ficaram acampados e receberam uma espécie de kit para permanecer por lá: chapéus, redes, tina e canecas para banho (frio, claro), além da lição de que não se chega ao fim do dia sem ao menos três trocas de roupa, tamanho o calor.
Mas o que mais me impressionou foi ver o presidente da empresa, Ricardo Botelho, chegar lá de canoa. Já fiz muitos trabalhos para grandes empresas ao longo da minha carreira, e nunca tinha visto o presidente ir pessoalmente até um local tão remoto, enfrentando as mesmas dificuldades que todos nós, dormindo sob as mesmas condições que todos ali, tomando banho no rio e falando diretamente para os moradores sobre o projeto. Isso com certeza fez toda a diferença para aquelas pessoas", lembra a diretora.
Num dos trechos do documentário, o comerciante Aluildo do Nascimento comprova a importância dessa visita de Ricardo:
Eu passei a acreditar (no projeto) quando vi, se não me engano, o presidente da empresa fazer uma reunião aqui na escola e garantir que era possível a energia chegar aqui por 24 horas."
Aluildo do Nascimento, comerciante da Vila Restauração
Uma das cabeças que concebeu e desenhou o projeto desde o início foi a de Frederico Botelho, filho de Ricardo. Atual Engenheiro de Projetos da (re)Energisa, ele acompanhou todas as etapas in loco, num total de seis idas à Vila Restauração, liderando o projeto do início ao fim:
A operação da Vila Restauração foi pioneira não só dentro da Energisa, como a nível de Brasil. Nunca no país havia sido feita uma operação desse jeito, com tantos desafios", ressalta Frederico Botelho.
Os desafios a que Frederico se refere têm a ver, entre outras coisas, com a estratégia logística necessária para a construção da usina na comunidade. Para conseguirem levar tratores, postes de concreto, baterias pesadíssimas e as delicadas placas solares (que não podiam quebrar de jeito nenhum), foi preciso montar o que Jack chamou de “uma verdadeira operação de guerra”: primeiro, os caminhões saíam de Uberlândia e percorriam 2.400 quilômetros (cerca de 8 dias) até a cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre. Depois, feita a baldeação, transferiam todos os equipamentos para balsas de grande porte sem tirar o olho da maré do rio: sendo na cheia, o trajeto duraria por volta de quatro a cinco dias até a Vila Restauração. Com a seca atrapalhando o percurso, os barcos, cujos cascos chegavam a tocar o fundo do rio, demoravam quase oito dias para atracar no seu destino.
Foi um aprendizado para a empresa como um todo. Levar energia limpa, descarbonizada, para o meio da Floresta Amazônica, significa um impacto muito positivo para todos, além de um aprendizado tecnológico imenso. E o trabalho fantástico da Jackie em materializar em imagens esse impacto, captando a emoção daquelas pessoas e o que o projeto significou para elas, é muito importante. Fora que o documentário mostra ao público uma outra realidade brasileira, os desafios que a gente enfrentou e a certeza de que isso é possível. Até para que sirva de exemplo para outros projetos semelhantes", afirma Frederico.